Guia prático: criando automações entre aplicativos com Make.com (fluxos reais passo a passo)

Introdução

A automação deixou de ser um diferencial e passou a ser parte essencial da estratégia de um Analista de Operações e BI. Com demandas crescentes, múltiplas fontes de dados e processos cada vez mais integrados, o Make.com surge como uma ferramenta poderosa para conectar sistemas, reduzir retrabalho e aumentar a confiabilidade dos fluxos operacionais. Neste guia, você verá como construir automações sólidas, escaláveis e úteis no dia a dia.

Além de permitir integrações sem código, o Make.com oferece módulos avançados capazes de lidar com APIs, bancos de dados, ferramentas de marketing, CRMs, ERPs e praticamente qualquer aplicação moderna. Quando bem configurado, ele se torna um “tecido conectivo” entre operações, dados e indicadores — permitindo análises mais rápidas, processos mais limpos e menos dependência de tarefas manuais.

O objetivo deste artigo é mostrar fluxos reais, práticos e aplicáveis, incluindo cenários completos, boas práticas e orientações técnicas. Se você busca elevar seu nível profissional e construir automações confiáveis, siga a leitura para aplicar imediatamente tudo no seu ambiente.

1. O que é o Make.com e por que ele importa para Operações e BI

Make.com é uma plataforma de automação visual que conecta aplicativos para executar fluxos automáticos, integrando sistemas sem a necessidade de programar rotinas complexas. Embora seja considerado um “no-code”, a ferramenta possui profundidade suficiente para lidar com integrações robustas e fluxos corporativos.

Para Analistas de Operações e BI, o Make.com se torna relevante porque:

  • integra dados rapidamente entre sistemas;
  • automatiza coleta, limpeza e distribuições;
  • reduz dependência de scripts locais;
  • permite criar APIs internas sem infraestrutura;
  • acelera a geração de relatórios e dashboards;
  • baixa a fricção entre times e sistemas legados.

A sua arquitetura baseada em módulos facilita entender cada etapa do processo. O fluxo se organiza como um encadeamento de ações, onde cada módulo executa uma operação e envia o resultado para o próximo.

Isso o torna perfeito para quem precisa aumentar a eficiência operacional sem envolver TI em cada pequena solicitação.

2. Conceitos fundamentais do Make.com

Para construir automações de alto nível, é necessário dominar os principais componentes:

✅ Trigger (gatilho)

É o ponto de início do fluxo. Ele observa algo, como:

  • nova linha em planilha,
  • novo lead em CRM,
  • atualização de status,
  • mudança em banco de dados,
  • execução agendada.

✅ Módulos (actions)

Cada módulo executa uma função.

Exemplos:

  • buscar registro,
  • atualizar planilha,
  • enviar alerta,
  • consultar API externa.

✅ Routers

Servem para bifurcar caminhos.

Exemplo clássico:

  • Se o cliente está ativo → atualiza CRM
  • Se está inativo → envia e-mail de retomada

✅ Iterators

Usados para processar listas item por item.

Essencial para fluxos de BI.

✅ Aggregators

Uso avançado: junta itens de uma lista e produz um único pacote.

Exemplo: consolidar dados de várias fontes para enviar em um único e-mail.

Dominar esses recursos transforma Fluxos simples em processos automatizados completos.

3. Preparação do ambiente

Antes de construir fluxos, configure:

Conexões (APIs e logins)

Conecte:

  • Google Sheets
  • Google Drive
  • Gmail
  • HubSpot
  • Notion
  • SQL Server
  • PostgreSQL
  • Power BI API
  • Webhooks internos

Organização de pastas e cenários

Crie uma estrutura clara:

  • 00 – Templates
  • 01 – Data Ingestion
  • 02 – Data Cleaning
  • 03 – Integrations
  • 04 – Alerts & Monitoring
  • 05 – Dashboard Updates

adronização de nome

Evite fluxos enormes com nomes genéricos como “Teste 2”.

Use padrões como:

INT – CRM → Sheets – Atualização de Leads
OPS – Alertas – Falha no ERP
DATA – Consolidar Vendas Diárias

4. Fluxo Real 1 — Centralização de dados em planilhas/datalake leve

Este fluxo é usado por analistas que precisam consolidar dados de várias ferramentas para um único local, geralmente uma planilha ou um “datalake leve” em Sheets/BigQuery.

Cenário

Você recebe dados de:

  • CRM
  • Plataforma de e-commerce
  • Sistema interno via API
  • Planilhas enviadas pelo financeiro

E precisa consolidar tudo em um único dataset diário.

Passo a passo

✅ 1. Criar webhook de entrada

No Make:

  • Add → Webhooks → Custom Webhook
  • Criar webhook
  • Copiar URL
  • Enviar dados dos sistemas

✅ 2. Normalizar dados (JSON → Tabela)

Use JSON parse para estruturar.

✅ 3. Unificar colunas

Garanta campos padronizados:

  • id
  • data
  • origem
  • valor
  • categoria
  • status

✅ 4. Enviar para Google Sheets

Use:

  • Search Rows para verificar duplicatas
  • Create Row ou Update Row conforme o caso

✅ 5. Criar log automático

Crie uma aba: LOG_AUTOMACAO

Registre:

  • timestamp
  • origem
  • quantidade de registros
  • status

✅ 6. Agendar execução diária

Use Schedule → Every day at 02:00 AM.

Esse fluxo reduz horas de manipulação manual e gera consistência para dashboards.

5. Fluxo Real 2 — Automação de envio de alertas operacionais

Fluxo usado para avisar:

  • vendas baixas,
  • erros nas integrações,
  • atrasos no ERP,
  • falhas de conciliação,
  • rupturas de estoque.

Exemplo: alerta de variação brusca de vendas

✅ Passo 1 — Buscar vendas do dia anterior

Sheets → “Get rows”.

✅ Passo 2 — Calcular variação

Utilize Math functions:

((valor_hoje - valor_ontem) / valor_ontem) * 100

✅ Passo 3 — Router

Se variação < -20%:

  • Enviar mensagem no Slack/Teams
  • Enviar e-mail para time de operações

✅ Passo 4 — Histórico

Registrar alerta em aba própria.

Este fluxo cria monitoramento contínuo, sem depender de análises manuais.

6. Fluxo Real 3 — Atualização de dashboards e pipelines

Fluxo muito usado por analistas de BI:

  • extrair dados
  • transformar
  • atualizar fonte do dashboard
  • gerar versão final

✅ Caso: atualizar dataset do Power BI automaticamente

Passo 1 — Coletar dados via API ou Sheets

Passo 2 — Tratar dados (cleaning)

  • remover nulos
  • normalizar campos
  • validar tipos

Passo 3 — Agrupar dados com Aggregator

Passo 4 — Enviar para banco (SQL/Postgre)

Módulo: Execute Query.

Passo 5 — Disparar atualização do Power BI via API

POST:

https://api.powerbi.com/v1.0/myorg/groups/{group-id}/datasets/{dataset-id}/refreshes

Passo 6 — Criar log

Registrar sucesso ou erro a cada execução.

7. Boas práticas para Analistas de Operações/BI

  • Nomeie tudo de forma clara
  • Use logs detalhados
  • Sempre criar rotinas com Try-Catch (routers para erro)
  • Teste com pequena amostra de dados
  • Tenha cenários separados para produção e testes
  • Evite superfluir fluxos com mais de 40 módulos
  • Use alertas automáticos para erros críticos

8. Erros comuns

  • loops infinitos
  • falta de controle de duplicidade
  • APIs sem paginação
  • excesso de cenários dependentes
  • falta de documentação interna

9. Templates prontos

  • Integração CRM → Sheets
  • Monitor de vendas
  • Sistema de logs operacionais
  • Envio automático de relatórios
  • Centralizador de dados multi-fonte

Conclusão

Automatizar processos com Make.com transforma a rotina de um Analista de Operações e BI. Além de reduzir retrabalho, a ferramenta cria confiabilidade, aumenta a velocidade com que os dados fluem e elimina gargalos operacionais. Os fluxos apresentados aqui são usados no dia a dia por empresas que dependem de análises rápidas e integradas, e você pode adaptá-los ao seu ambiente.

FAQ

1. Preciso saber programar para usar o Make.com?

Não. Programação ajuda, mas não é obrigatória. O visual builder cobre a maior parte das necessidades.

2. Posso conectar APIs personalizadas?

Sim. O módulo HTTP permite POST, GET, PATCH e DELETE com autenticação.

3. Qual a diferença entre Router e Iterator?

Router divide caminhos; Iterator quebra listas em itens individuais.

4. Como evitar duplicidades em planilhas?

Use sempre o módulo “Search Row” antes de criar ou atualizar registros.

5. Posso usar Make.com para atualizar dashboards automaticamente?

Sim. Power BI, Data Studio/Looker e até Tableau suportam integrações via API.

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